quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Metáforas instantâneas

Acredito que a vida seja uma viagem. Dizer isso não é nada de novo. Mas isso me ocorreu de maneira mais incisiva naquele momento. No início estamos contentes com aquela nova experiência, algo que nunca nos ocorreu antes, esperamos aproveitá-la da maneira mais intensa possível. Tudo é agradável e belo. Os dias vão se passando e a intensidade vai se diminuindo. No final já não conseguimos mais gozar plenamente, estamos preocupados com a volta, estamos tristes por ter que voltar, estamos melancólicos, estamos nos lembrando dos momentos felizes que se passaram. Começamos nesse momento a pensar nos dias felizes que se foram e esquecemos de aproveitar o que ainda nos resta até que não nos resta mais nenhum e como um rio desaguamos no céu.

A velhice é como uma viagem que chega-se ao fim. Estamos tristes e nostálgicos. Lembramos de nossa juventude, do tempo que ainda tínhamos disposição para a vida e pensávamos mais no que faríamos com o futuro do que com o que ele faria conosco. Deixamos de aproveitar o que nos resta ainda nessa louca viagem chamada vida para nos lembrar do que já passou, do que já fizemos e aceitamos o fim de maneira serena e triste. Não existe maneira de lutar contra isso.


Lembro-me agora da primeira vez que fui à praia. Ao fim da viagem eu não queria voltar para casa, queria que meu pai arrumasse um emprego por lá e que ficássemos em clima de férias para o resto da vida. Com o tempo fui aprendendo que as viagens não duram para sempre, e a que mais me dói saber de seu fim é a vida.

Os olhos ficam perdidos. Não há mais o que esperar na noite anterior a nossa volta. Não há mais tempo para nada, somente lembrar do que passou, dos momentos felizes e lamentar a velocidade de como se dão as coisas. Às vezes nos consola saber que logo viajaremos novamente. Já na velhice, não temos mais esse consolo. Estamos nos preparando para nossa última e derradeira volta.

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