quarta-feira, 21 de abril de 2010

A MORTE DE UMA MANHÃ

Havia tido naquela manhã um mal pressentimento. Sabia que lago não ocorreria a partir daquele momento. Quando saíra de casa ele ainda estava lá, jogado no chão, tomado pela febre, essa tão forte que fazia borbulhar o mercúrio do termômetro.
Mesmo deixando-o assim resolveu sair. Estava cansada e aproveitou aquela bela manhã para pensar, refletir, tomar um café na padaria, comer uma daquelas mais comuns roscas murchas do dia anterior. Tudo isso para fugir ou adiar o fato que seria inevitável.
Nada disso adiantava, o fim estava próximo.
Queria não ter que acompanhar seu sofrimento, por isso o deixou sozinho, o vaticínio daquela doença se realizaria de uma maneira ou de outra, era só uma questão de tempo.

O tempo passava, ela caminhava sozinha pensando em como seria horrível voltar ao seu apartamento e vê-lo daquela maneira, definhando pouco a pouco.
Era quase meio dia e o dia quante indicava que a febre naquele apartamento só aumentava.
Resolve voltar, mesmo contra sua vontade, mas volta.
Caminha depressa, agora já nem sabe mais porque, talvez na ânsia de ver tudo aquilo acabar.

Entra em seu apartamento e o vê, rígido. O chão abre-se aos seus pés. Não acredita naquilo que vê. Sua pele manchada mostra que já estava ali, morto, há meses, e para ela o tempo não passara mais do que algumas horas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário